Ainda lembro do cortejo...a cantoria triste...minha roupa branca de condenado no contraste com a minha negra cor...aquela criança não sai da minha cabeça...caminhava curiosa ao meu lado, no compasso do tambor do militar...a marcha era fúnebre...alguns aproveitavam o momento para fazer dinheiro...o Mariano era um deles, sonhava com um bom pecúlio e a alforria um dia comprar...para mim isso já não bastava...logo depois da primeira chibatada, apaguei...acordei com os gritos de quem me delatava...senhor e senhora no chão...ainda corri...mas sabia que logo minha passagem por aqui estaria acabada...da cadeia para a igreja...logo a ponte sobre o arroio onde tantas vezes acompanhei o pôr-do-sol...e lá estava eu subindo os degraus...o homem da religião do rei na minha frente aos prantos fingia seu interesse por minha alma...e eu fingia não ter medo...quieto...sofri...o rufar dos tambores...meus olhos se fecharam...logo estacionou o barco...finalmente livre...naveguei...como o tempo, tornei-me múltiplo...resisti!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Singelos versos de um reencontro

Singelos versos de um reencontro
Belizario, inverno 11.

Brotam-se os escritos, cada dia aumenta a certeza de que vou reencontrar esse homem...

Aos infantes moradores daquele porto!
Que manifestam meus íntimos delírios!
Os ver foi como a gota dágua no deserto,
Agradeço os lindos beijos e abraços,
Nossas falas de coração.

Ver estes companheiros,
É nostalgia,
Mate amargo rebelde nas tardes frias,
Segredos de nossas molhadas vidas,
Encharcadas de paixão!

Trago comigo o companheirismo,
Esta mania de vocês de medir ombros comigo,
Incremento de ternura e poesia,
Dançando libertinamente a Velha Roupa Colorida,
Meus adorados irmãos.

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