Ainda lembro do cortejo...a cantoria triste...minha roupa branca de condenado no contraste com a minha negra cor...aquela criança não sai da minha cabeça...caminhava curiosa ao meu lado, no compasso do tambor do militar...a marcha era fúnebre...alguns aproveitavam o momento para fazer dinheiro...o Mariano era um deles, sonhava com um bom pecúlio e a alforria um dia comprar...para mim isso já não bastava...logo depois da primeira chibatada, apaguei...acordei com os gritos de quem me delatava...senhor e senhora no chão...ainda corri...mas sabia que logo minha passagem por aqui estaria acabada...da cadeia para a igreja...logo a ponte sobre o arroio onde tantas vezes acompanhei o pôr-do-sol...e lá estava eu subindo os degraus...o homem da religião do rei na minha frente aos prantos fingia seu interesse por minha alma...e eu fingia não ter medo...quieto...sofri...o rufar dos tambores...meus olhos se fecharam...logo estacionou o barco...finalmente livre...naveguei...como o tempo, tornei-me múltiplo...resisti!

domingo, 12 de julho de 2015

Foi na rota do amor e da boniteza

Foi na rota do amor e da boniteza
Belizario, inverno 15.

Foi na rota da boniteza e do amor,
Que me reencontrei.
Procurei acertar os ponteiros...
Dos tempos ídos,
E quiçá dos que virão além.
Fui buscar no eu mais profundo,
As pessoas que me fazem bem.

Foi na rota da boniteza e do amor,
Que me reencontrei.
Ainda de sandália de couro,
Com os cabelos longos,
De espírito libertário...
Pq só quero ao meu lado,
Quem me ama de graça,
E que só quer me ver bem.

Foi na rota da boniteza e do amor,
Que me reencontrei.
Assumindo minhas finitudes,
Mas apostando imensamente,
Na minha capacidade de plantar flores,
De construir jardins
De perfumar outras vidas.

Pois foi assim.
Foi na rota da boniteza e do amor,
Feita de anjos,
Artistas e poetisas,
Que me reencontrei.


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