Ainda lembro do cortejo...a cantoria triste...minha roupa branca de condenado no contraste com a minha negra cor...aquela criança não sai da minha cabeça...caminhava curiosa ao meu lado, no compasso do tambor do militar...a marcha era fúnebre...alguns aproveitavam o momento para fazer dinheiro...o Mariano era um deles, sonhava com um bom pecúlio e a alforria um dia comprar...para mim isso já não bastava...logo depois da primeira chibatada, apaguei...acordei com os gritos de quem me delatava...senhor e senhora no chão...ainda corri...mas sabia que logo minha passagem por aqui estaria acabada...da cadeia para a igreja...logo a ponte sobre o arroio onde tantas vezes acompanhei o pôr-do-sol...e lá estava eu subindo os degraus...o homem da religião do rei na minha frente aos prantos fingia seu interesse por minha alma...e eu fingia não ter medo...quieto...sofri...o rufar dos tambores...meus olhos se fecharam...logo estacionou o barco...finalmente livre...naveguei...como o tempo, tornei-me múltiplo...resisti!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Sagitarianos...

Sagitarianos...
Belizario, verão 11.

Não queiram ver um Sagitariano com raiva...
não queiram ver!
Atravesse a rua, vai por mim, não vale a pena.
Tens uns tipos então...impossíveis!
Costumam ter sobrancelhas juntas, grudadas, parecem taturanas!
É isso!
Essa metade homem, metade cavalo do Sagitariano...é metade bicho!
Vai entender esse tipo de gente...ou de animal...
sempre insatisfeita!
Mania de estar com o olhar sempre longe...dificilmente vive o presente.
Na verdade eles queriam ser como os seus primos alados, os Pegasus.
Queriam voar!
Mas não podem, não tem asas...pobrezinhos...
daí tanta raiva quando são contrariados!
Tá certo que podem ser na maioria do tempo bem amáveis...
mas não queiram os ver irritados!
Não queiram ver!
É patada para todo o lado!
Ouvi dizer por aí que este tipo de gente...ou de bicho...anda raro.
Essa metade homem, metade cavalo do Sagitariano,
é água transbordante...
é flor da pele...
é espontaneidade e utopia...
e ainda tem aqueles que escrevem poesia...esses são casos perdidos...
se os ver, vire a esquina!
Existem poucos por aí...e andam escondidos...
é tempo de vê-los de cabeça baixa ou com a cara nos livros...
andam bem estranhos...
Tem pessoas que se dão bem com esse tipo de gente...ou de bicho...
Essa metade homem, metade cavalo do Sagitariano...
Jamais coloques neles, rédeas ou tapa-olhos...
deixe-os livres com a fuça nas estrelas...
essa mania de arco e flecha apontando pro infinito,
é bem bonitinha, eu conheço, é sincero amor,
mesmo metade homem, metade cavalo...
ah, como é difícil esse povinho de Sagitário.

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