Ainda lembro do cortejo...a cantoria triste...minha roupa branca de condenado no contraste com a minha negra cor...aquela criança não sai da minha cabeça...caminhava curiosa ao meu lado, no compasso do tambor do militar...a marcha era fúnebre...alguns aproveitavam o momento para fazer dinheiro...o Mariano era um deles, sonhava com um bom pecúlio e a alforria um dia comprar...para mim isso já não bastava...logo depois da primeira chibatada, apaguei...acordei com os gritos de quem me delatava...senhor e senhora no chão...ainda corri...mas sabia que logo minha passagem por aqui estaria acabada...da cadeia para a igreja...logo a ponte sobre o arroio onde tantas vezes acompanhei o pôr-do-sol...e lá estava eu subindo os degraus...o homem da religião do rei na minha frente aos prantos fingia seu interesse por minha alma...e eu fingia não ter medo...quieto...sofri...o rufar dos tambores...meus olhos se fecharam...logo estacionou o barco...finalmente livre...naveguei...como o tempo, tornei-me múltiplo...resisti!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Medieval

Medieval
Cazuza

Você me pede pra eu ser mais moderno
Que culpa que eu tenho
É só você que eu quero

As vezes eu amo e construo castelos
As vezes eu amo tanto que tiro férias
E embarco num tour pro inferno

Será que eu sou Medieval?
Baby, eu me acho um cara tão atual
Na moda da nova idade média.
Na mídia da novidade média.

Olha pra mim, me dê a mão, depois um beijo
Em homenagem a toda distância e desejo
Mora em mim que eu deixo as portas sempre abertas
Onde ninguém vai te atirar as mãos vazias nem pedras

Eu acredito nas besteiras que eu leio no jornal
Eu acredito no meu lado português sentimental
Eu acredito em paixão e moinhos lindos,
Mas a minha vida sempre brinca comigo,
De porre em porre vai me desmentindo

Será que eu sou Medieval?
Baby, eu me acho um cara tão atual
Na moda da nova idade média.
Na mídia da novidade média.

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