Ainda lembro do cortejo...a cantoria triste...minha roupa branca de condenado no contraste com a minha negra cor...aquela criança não sai da minha cabeça...caminhava curiosa ao meu lado, no compasso do tambor do militar...a marcha era fúnebre...alguns aproveitavam o momento para fazer dinheiro...o Mariano era um deles, sonhava com um bom pecúlio e a alforria um dia comprar...para mim isso já não bastava...logo depois da primeira chibatada, apaguei...acordei com os gritos de quem me delatava...senhor e senhora no chão...ainda corri...mas sabia que logo minha passagem por aqui estaria acabada...da cadeia para a igreja...logo a ponte sobre o arroio onde tantas vezes acompanhei o pôr-do-sol...e lá estava eu subindo os degraus...o homem da religião do rei na minha frente aos prantos fingia seu interesse por minha alma...e eu fingia não ter medo...quieto...sofri...o rufar dos tambores...meus olhos se fecharam...logo estacionou o barco...finalmente livre...naveguei...como o tempo, tornei-me múltiplo...resisti!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

O ser é um mar sem fronteiras e sem medidas

O ser é um mar sem fronteiras e sem medidas
Khalil Gibran em trecho do livro O profeta

Não digais, "Encontrei a verdade", mas sim, "Encontrei uma verdade".
Não digais, "Encontrei o caminho da alma", mas sim "Encontrei a alma andando em meu caminho".
Pois a alma anda em todos os caminhos.
A alma não anda sobre uma linha, nem cresce como um junco.
A alma desdobra a si mesma, como um lótus de infinitas pétalas.

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